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27/08/13

"Talvez ele volte. Ou não."

Ele pode estar a olhar as tuas fotos neste exacto momento. Por que não? Passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que tu fazes escondida, sem deixar rasto nem pistas. Talvez, ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto tu gostavas disso. Ou percorra trajectos que eram teus, na tentativa de não deixar que tu te disperses das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em ti. Todos os dias. E, ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler os teus bilhetes, procurar o teu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as tuas músicas, procurar a tua voz em outras vozes. Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há maneira de escapar. Talvez, ele perceba que tu fazes falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria. Tu não sabes. Ele pode ser o rapaz com quem passarás aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez, ele volte. Ou não.
— Caio Fernando Abreu. 

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